Ao contrário do que muitos imaginam, a calvície não acomete apenas os homens. A perda capilar na mulher apresenta um impacto muito grande na alta estima, já que as mulheres dão mais valor que os homens para a aparência física. Os cabelos fazem parte da sexualidade feminina e exercem um importante papel na identidade sexual. Qualquer perda capilar gera a sensação de baixa estima, ansiedade e diminuição da atratividade. Para a sociedade, a calvície masculina é uma situação que é compreendida, já a calvície feminina não é socialmente aceita e relaciona-se com a presença de uma doença, ou seja, um homem calvo é normal, porém uma mulher calva é algo que pode passar a impressão de uma doença.
Esse tipo de queda capilar atinge 6 a 12 % das mulheres entre as idades de 20 e 30 anos e mais que 55 % das mulheres com mais de 70 anos.
Como ocorre a calvície Feminina
Para entender o mecanismo de como ela ocorre, é importante compreender o ciclo de vida do cabelo, que é divido em 3 fases:
Fase anágena: É a fase de crescimento do cabelo, dura em média 3 a 5 anos e nesta fase ocorre crescimento do fio. Quanto maior a tempo da fase anágena, mais os cabelos crescem.
Fase catágena: É uma fase de transição, dura em média duas semanas e nessa etapa os fios param de crescer.
Fase telógena: É uma fase de queda natural do cabelo, para que ocorra uma constante renovação dos fios de cabelos. Estamos renovando nossos fios de cabelos de maneira constante, fios “velhos” caem e fios novos “crescem”.
Na calvície feminina, o processo de desaparecimento do cabelo ocorre através do afinamento progressivo dos fios. Esse afinamento ou atrofia progressiva dos fios, tecnicamente é denominada como miniaturização. Observa-se que os fios que inicialmente eram fios grossos, longos (chamados de fios terminais), foram se tornando mais finos, mais curtos, mais claros.
Além da atrofia progressiva do fio, também ocorre uma alteração no ciclo de vida do cabelo. A fase anágena, que é a fase de crescimento capilar, se torna mais curta, portanto, os cabelos chegam ao final do seu ciclo cada vez menores, pois não há tempo para crescer. A fase telógena, que é a fase de queda natural do cabelo, se torna mais longa, portando, há uma diminuição da renovação do cabelo.
Em Resumo, atrofia do cabelo (miniatuarização) + crescimento menor do cabelo + queda maior dos fios = calvície feminina
Ela se apresenta como uma perda capilar difusa, porém a região superior da cabeça é mais acometida. De maneira geral, a linha frontal (as primeiras filas de cabelos) é preservada. A miniaturização possui características semelhantes à alopecia androgenética (calvície masculina). É comum a paciente perceber que os cabelos estão diminuindo quando os divide ao meio e percebe-se que há uma maior exposição do couro cabeludo.
Embora a calvície feminina seja a principal causa de queda de cabelo nas mulheres, existem outras causas que devem ser descartadas antes de se iniciar qualquer tratamento.
Queda de cabelo induzida por medicamentos
Causas de queda de cabelo em mulher
Por que ocorre a calvície feminina?
A calvície possui influencia genética. A chance de uma mulher desenvolver calvície quando possui um parente de primeiro grau com o mesmo problema é de 21%. O gene da calvície está presente no cromossoma X e é um gene que expressa o receptor de hormônio.
Assim como na calvície masculina, a calvície feminina ocorre devido a uma interação de hormônios no couro cabeludo de pessoas geneticamente suscetíveis. No caso das mulheres, os hormônios envolvidos são principalmente o estrógeno e os andrógenos (hormônios masculinos).
A maioria das mulheres com calvície não possui níveis elevados de hormônios andrógenos, como se pensava no passado. Porém alguns casos possuem elevados níveis de andrógenos. Esses casos devem ser identificados, pois se deve ter como estratégia de tratamento a redução dos níveis hormonais.
Deve-se suspeitar de aumento de hormônios andrógenos nos casos em que associado à queda de cabelo, a paciente apresente hirsutismo (crescimento de pêlos em áreas anatômicas características masculinas), irregularidade menstrual e acne. Nesses casos é prudente investigar os níveis sanguíneos de hormônios andrógenos, avaliar a presença de ovários policísticos. Complementa-se a investigação com estudos do ferro sérico e ferritina, prolactina, hormônios tiroidianos e dosagem sanguínea de zinco. Outra diferença é a participação do estrógeno. Esse hormônio tem a capacidade de aumentar a fase anágena, que é a fase de crescimento capilar. Esse fato explica a melhora do cabelo durante a gravidez, devido ao aumento deste hormônio e também explica a queda de cabelo que ocorre no pós parto, devido a queda deste hormônio. Na menopausa, devido à diminuição do hormônio, também ocorre piora do cabelo.
O tratamento da calvície feminina pode ser clínico, através do uso de medicamentos ou ainda através da cirurgia de transplante capilar.