A blefaroplastia ou cirurgia de pálpebras é a cirurgia plástica facial mais realizada no mundo, além da cirurgia plástica mais realizada em homens. Existem relatos de cirurgias de pálpebras há mais dois mil anos.
“Os olhos são janela da alma e o espelho do mundo”. Esta frase é de Leonardo Da Vinci, e mostra a importância do olhar no convívio social. Quando conhecemos uma pessoa, primeiro olhamos nos olhos e depois para resto da face.
Com o envelhecimento, uma série de alterações ocorre na região ao redor dos olhos:
1. Queda das sobrancelhas: Aspecto de sobrancelhas “tristes”.
2. Excesso de pele nas pálpebras: O termo técnico é dermatocalázio. O aumento da quantidade de pele pode provocar obstrução do campo visual.
3. Protusão da gordura orbitária: São as famosas bolsas de gordura palpebrais. Com o envelhecimento pode ocorrer tanto aumento, quanto mudança de posição das bolsas palpebrais.
4. Formação de rugas periorbitárias (pés de galinhas) e Olheiras: A blefaroplastia não é o procedimento que promove o tratamento destas alterações, uma opção seria toxina botulínica e laser, respectivamente.
As pálpebras possuem anatomia bem definida e existe um padrão “normal”. Na figura abaixo se observam as medidas padrões e suas relações com os olhos. O ponto A mostra o início da sobrancelha na margem orbitária. O Ponto B, mostra o ponto mais alto da sobrancelha, acima da borda óssea da órbita. O ponto C , mostra o comprimento da fenda pálpebral, que corresponde a 28 a 30 mm. E, por último, o ponto D, que mostra que o canto lateral do olho encontra-se 2 mm acima do canto medial.
O objetivo da blefaroplastia é remover excesso de pele, diminuir ou reposicionar as bolsas de gordura e reposicionar o canto dos olhos. Com essa abordagem é possível o rejuvenescimento dos olhos.
Como é feita a cirurgia de blefaroplastia?
A blefaroplastia é realizada com anestesia local e sedação leve ou anestesia geral. A cirurgia de pálpebras tem duração aproximada de 2 horas.
Na cirurgia é retirado o excesso de pele das pálpebras superiores e inferiores. Além disso, durante a cirurgia é realizado o exame das bolsas palpebrais.
Na pálpebra superior existem duas bolsas palpebrais, enquanto na pálpebra inferior existem três bolsas palpebrais.
Antigamente, acreditava-se que era necessária a remoção máxima das bolsas palpebrais. No entanto, esta conduta pode trazer como resultado olhos encovados, dando o aspecto de esqueletização da face. Assim, atualmente a conduta é mais conservadora, e em alguns casos, ao invés de remover as bolsas de gordura , estas são reposicionadas.
Após o tratamento das bolsas palpebrais é realizado o reposicionamento do canto lateral dos olhos. Esta manobra cirúrgica tem o objetivo de restabelecer a anatomia original, ou seja, fazer com que o canto lateral dos olhos apresente-se 2 mm acima do canto medial.
Cuidados pós-cirurgia de pálpebras
Na maioria dos casos não há necessidade do paciente pernoitar no hospital, em geral recebe alta após 4 a 6 horas do término da blefaroplastia.
Não há necessidade de curativos, apenas compressas frias sobre os olhos. Os pontos são retirados 5 dias após a cirurgia.
No pós-operatório de cirurgia de pálpebras recomenda-se a proteção solar, já que na blefaroplastia é comum o aparecimento de equimose (manchas roxas). A presença de manchas roxas associado com a exposição solar pode levar a formação de olheiras.
Assim, recomendamos o uso de protetor solar, no mínimo fator 30, com aplicação duas vezes ao dia. Além disso, quando em ambiente externo deve –se usar óculos escuros e chapéu. Recomendamos manter os cuidados com o sol até o completo desaparecimento das manchas roxas ( duas a três semanas).
Após a blefaroplastia é comum um inchaço ao redor dos olhos. Para a redução do inchaço, duas manobras são importantes:
1. Compressas frias: A baixa temperatura, além de ter ação antiinflamatória, promove diminuição do calibre dos vasos sanguíneos, o que leva a redução inchaço.
2. Dormir com dois travesseiros: O fato de dormir com a cabeceira elevada melhora a drenagem venosa por ação da gravidade, o que colabora para a melhora do inchaço.
O uso de maquiagem pode ser feita após a retirada dos pontos.
Em geral, uma semana após a cirurgia de pálpebras os pacientes conseguem retornar ao trabalho.
Complicações da cirurgia
Quando são tomados todos os cuidados pré e pós-operatórios e a cirurgia de blefaroplastia é realizada por um cirurgião habilitado, as complicações são raras.
Síndrome do olho seco: Caracteriza- se por coceira nos olhos, sensação de corpo estranho, queimação, secreção mucóide. Na maioria dos casos é transitório e relaciona-se com o inchaço. Caso ocorra é fundamental o uso de lubrificantes oculares, como colírios de lágrima artificial.
Mal posicionamento das pálpebras inferiores: Pode estar relacionada a retirada excessiva dos tecidos, como pele, bolsa de gordura ou ainda tecido muscular. Ainda, o inchaço pode contribuir transitoriamente. Deve proteger os olhos e acompanhar a redução do inchaço. Alguns casos pode necessitar de cirurgia.
Infecção: Extremamente raro, já que a cirurgia de blefaroplastia é uma cirurgia classificada como limpa. O tratamento é antibióticos.
Quemose: Corresponde ao edema da conjuntiva. A conjuntiva e a membrana que reveste os olhos, na maioria dos casos é auto limitada, melhorando com as compressas frias e cabeceira elevada.
Assimetria: Pode ocorrer na cirurgia de pálpebras quando é retirado quantidades de tecido de maneiras desproporcional de um lado diferente do outro.
Lagoftalmo: Corresponde a dificuldade no fechamento dos olhos. O lagoftalmo após a blefaroplasia pode ocorrer de maneira transitória devido ao inchaço pós operatório. Alem do inchaço, outra causa de lagoftalmo é a retirada excessiva de pele das pálpebras superiores.