O cabelo é uma importante característica da autoimagem. Existem estudos que mostram que indivíduos calvos, em especial jovens, são menos confiantes e possuem menor autoestima, principalmente quando interagem com mulheres.
Calvície masculina significa a diminuição lenta e progressiva dos cabelos decorrente de fatores genéticos.
Já o termo alopecia corresponde à diminuição, podendo ser total ou parcial, de pêlos de uma determinada região da pele. Por exemplo, existem tipos de alopecia que acometem a barba, a sobrancelha, os pêlos pubianos e, claro, os cabelos do couro cabeludo.
Quando a alopecia acomete apenas os cabelos do couro cabeludo e possui causa genética, recebe o nome de alopecia androgenética, que é um sinônimo da calvície masculina.
A calvície masculina (alopecia androgenética) é a principal causa de queda de cabelo em homens. A incidência varia conforme a idade e a etnia. A maior incidência da calvície ocorre em brancos, seguido em asiáticos e em menor freqüência em negros. Com relação à idade, a incidência da calvície aumenta conforme os indivíduos ficam mais velhos. Entre 25 a 30 anos, 25% dos homens apresentam algum grau de calvície; entre 30 e 50 anos, deve esperar uma incidência de até 40% e, após os 50 anos, observa-se que metade dos homens têm calvície.
Uma das causas da queda de cabelo é a interação de hormônios no couro cabeludo em indivíduos predispostos. Ou seja, para que a calvície ocorra é necessário a existência de determinados hormônios e o indivíduo tem que ser suscetível do ponto de vista genético. E aqui, quando se fala em hormônios, nos referimos aos do grupo dos andrógenos, em especial a testosterona. Assim, é fácil entender que a calvície inicia-se somente após a puberdade, fase em que iniciamos a produção de hormônios.
Embora o processo da calvície inicia-se na puberdade, a percepção de que os cabelos estão diminuindo ocorre em uma fase mais tardia, já que é necessário que o indivíduo perca de 30% a 50% dos seus cabelos para que perceba que está ficando calvo.
O principal hormônio envolvido na calvície é a dihidrotestosterona (DHT), que é um hormônio derivado da testosterona. A transformação da testosterona em dihidrotestosterona (DHT) é realizada por uma enzima chamada 5 alfa-redutase. A DHT não influencia o crescimento capilar de todos os cabelos do couro cabeludo. Os fios de cabelos que são influenciados pela DHT são apenas aqueles da região superior da cabeça, pois esses fios possuem receptores deste hormônio. Os cabelos localizados na região lateral e posterior da cabeça não possuem receptores de DHT. Esse fato explica o porquê da pessoa mais calva que você conhece possuir cabelos na porção lateral e posterior da cabeça. Essa região é “imune aos genes da calvície”.
O indivíduo para desenvolvê-la precisa ser suscetível, ou seja, necessita possuir uma alteração genética nos receptores de DHT. E assim, após a puberdade, quando inicia-se a produção de testosterona, naqueles que são geneticamente suscetíveis, inicia-se o processo de aparecimento da calvície.
Como ocorre o desaparecimento dos cabelos na calvície masculina?
O processo principal de perda capilar é a miniaturização folicular (atrofia do cabelo).
O ciclo de vida do cabelo possui a fase anágena (fase de crescimento do cabelo), que dura de 3 a 5 anos; a fase catágena ou fase de transição, que tem duração de 1 a 2 semanas e a fase telógena, que é a fase de queda natural do cabelo que voltará a crescer, iniciando o ciclo novamente na fase anágena.
A calvície ocorre devido a miniaturização (atrofia) do cabelo que faz com que o fio normal se torne lenta e progressivamente, mais fino, mais curto e mais claro. Ainda na calvície masculina, ocorre uma diminuição da fase anágena (fase de crescimento capilar), que leva a um encurtamento do fio e um aumento da duração da fase telógena (fase de queda do cabelo) , que provoca a redução da restauração do cabelo. Este processo resulta em cabelos cada vez mais curtos e finos até o ponto em que os fios não conseguem mais atingir a superfície do couro cabeludo, aumentando o número de poros vazios.
Em resumo, a calvície masculina ocorre devido a uma atrofia progressiva dos cabelos (miniaturização) associado a uma diminuição da fase de crescimento do cabelo e aumento da fase de queda.
Progressão da calvície na alopecia andrognética
O processo de evolução é lento e progressivo. De modo geral, a calvície inicia-se pelo aparecimento das “entradas”, que tecnicamente chamamos de aumento do recesso frontotemporal e, simultaneamente, o desaparecimento dos cabelos na região da coroa ou vertex. À medida que evolui a perda capilar, as entradas se tornam mais pronunciadas. A calvície na coroa aumenta, podendo comprometer toda a região do topo do couro cabeludo.
Existem sete graus de severidade de calvície. Esta classificação nada mais é do que as etapas de evolução da calvície masculina. Essa classificação é conhecida como classificação de Norwood-Hamilton.
O aparecimento da calvície e a velocidade de progressão variam de pessoa para pessoa. Não existe nenhuma maneira de prever se a calvície de um adolescente em um padrão inicial irá eventualmente evoluir para padrões mais avançados. De maneira geral, quanto mais cedo o paciente perceber a queda de cabelo, quanto antes iniciar os sinais de calvície, maior a chance de evoluir para graus mais avançados.
Como é feito o Diagnóstico da Calvície Masculina
O diagnóstico é feito através do exame do cabelo e do couro cabeludo que evidenciam as alterações características da alopecia androgenética. Alguns testes podem ser realizados para confirmar o diagnóstico:
Teste de Tração: Através da tração de um grupo de cabelos (no mínimo 60 fios), observa-se a quantidade de fios que são destacados. É considerado normal até 10% de fios extraídos, ou seja, o médico separa pelo menos 60 fios de cabelos e faz uma tração do começo do fio até a sua ponta. Se forem destacados até seis fios (10% do total de fios), o exame é considerado normal.
Vídeo dermatoscopia/Foliculoscopia: É um exame não invasivo, realizado com auxílio de uma lente de aumento que permite estudar o couro cabeludo. Na região de cabelo normal se observa unidades foliculares com 1 a 4 fios, com fios grossos e diâmetro dos fios é semelhante. Na região onde está ocorrendo, observa-se que os fios estão se tornando mais finos, mais curtos, mais claros, poros vazio e redução do número de fios nas unidades foliculares.
Biópsia do couro cabeludo: O diagnóstico da calvície masculina é clínico, portanto não há necessidade de nenhum exame complementar. Porém nos casos de alopecia difusa e casos complexos, pode ser necessário realizar a biópsia da região acometida.
Tricograma/Fototricograma: Trata-se de um exame que não é realizado de rotina para o diagnóstico. Este exame tem como objetivo estudar o ciclo de vida do cabelo. No tricograma, alguns cabelos são retirados em regiões padronizadas e estudados no microscópio. No Fototricograma, os cabelos são examinados no couro cabeludo do paciente, sem a necessidade de arrancá-los. Nesse exame são estudados parâmetros, como número total de fios, quantidade de fios em cada fase do ciclo de vida do cabelo, densidade capilar , espessura do fio de cabelo e taxa de crescimento capilar.
Teste Genético para a calvície: Atualmente já é possível quantificar através de estudos genéticos a chance de um indivíduo desenvolver calvície. Existe apenas um teste, da empresa HairDX. Infelizmente o teste não está disponível no Brasil.
Embora existam esses testes para o diagnóstico da calvície, o diagnóstico na maioria das vezes é clínico, ou seja, através de uma entrevista médica é possível realizar o diagnóstico.
O tratamento da calvície masculina pode ser clínico, através do uso de medicamentos ou, ainda, pode ter seu tratamento através da cirurgia de transplante capilar.